terça-feira, março 18, 2008

Espaço Reservado

Este texto não é um texto;
É um espaço, reservado
Um espaço livre
E em branco
Dedicado á todas aquelas pessoas
Que sofrem
Que gritam e não são escutadas
Que se encontram falando sozinhas
Que esperam horas por uma resposta
Que falam com alguem que não está lá
Ou que está e não responde
Que sentem raiva e gritam e choram
Que estão desenvolvendo um novo tipo de pânico
Que já tremem só por ter que discar o zero
Pessoas que sofrem e não são ouvidas
Pessoas ignoradas e raivosas

Este espaço é dedicado à todas as pessoas vítimas do telemarketing
E a você meu amigo, cujo sonho supremo é mandar todos os esquemas robóticos de telemarketing e seus scripts tomarem no olho do *

Um minuto de silêncio pelas vítimas, por favor.

segunda-feira, março 17, 2008

Pra você...

Sei que quase nao escrevo pra voce...
Estranho não é?

E sempre foi assim... desde que nós dois ainda éramos garotos brincando de viver...

Escrevia muito pra você sim; bilhetes, cartas, cartões...
Mas você raramente era detinatário dos meus textos, sempre baseados em meus dramas, endereçados a amigas e amigos, inspirados nas minhas relações complexas com mãe, pai, avó, papagaio e periquito.
Poucos falam de você...

Vendo esses últimos textos que tiveram como fonte de inspiração personagens tão distintos de você, me indaguei como voce ainda não havia me perguntado, durante todos esses anos, porque não é sobre você a maioria dos textos que eu escrevo, que você lê sempre que pode, na maior paciência.
E acho que você não tenha perguntado porque talves já saiba a resposta; até melhor do que eu:

Você não tem drama. Não há drama entre nós. Nem há como haver.
Você é o bálsamo para os meus dramas, e eu não sei escrever sobre isso.
Talves tenha tanto pra se falar, que não mereça ser falado. É melhor preserva-lo das linhas, que se distorcem conforme o leitor.

Vê como eu não sei escrever pra você? Já fico muda, e quando tudo me foge, só há um jeito; te dar um olhar mudo e te sorrir sem palavras.

E agradecer, por você ser todo diferente dos meus textos, por você não me inspirar a escrever dramas, nem explosões.

Não dá pra escrever sobre como você não me entende. Porque você sempre me ouve quando eu quero falar, e seria capaz de ouvir por horas para deixar eu me explicar.

Não da pra reclamar da sua falta de atenção. Porque você sempre me dá atenção quando eu quero 'aparecer' ou bato o pé que nem uma menina medrosa e chorona.

Não dá pra escrever sobre algo que eu não consigo dizer pessoalmente, porque consigo dizer coisas pra você que não consigo nem dizer pra mim.

Não haveria como ecrever sobre as coisas que você não sabe que eu sinto porque, de um jeito surpreendente, você sempre sente junto comigo

Por isso, obrigada por não 'merecer' um desses meus textos.

Abstinência

Zero comentários... você me diz.
sempre zero comentários. Como a maioria dos texto dessa página.
Zero comentários, para todos os temas, polêmicos ou não, da minha vida

É mais fácil fazer zero comentários
Do que estar na berlinda, ou assumir alguma posição... alguma responsabilidade
Zero comentários é mais facil...
Nao se diz o que se quer, não se machuca sem querer, não se expõe, não se mete
O zero é um número mais seguro

Eu peço nas entrelinhas um conselho e os seus zero comentários me fazem ter que pensar sozinha
Eu tento dizer como foi o meu dia e os seus zero comentários me enchem de vazio.

E quando está cansado do zero, diz "Hum...". Não existe dois nem três. Só essas duas possibilidades

E eu etou aprendendo a fazer zero comentários também.
Quase faço zero comentários sobre a sua vida.
Sobre a sua família...
Sobre as suas escolhas...

E quando me canso do vazio, respondo "Hum..."

E a gente vai sobrevivendo essa nossa relação zero com os nossos zero comentários. Ela não morre. Nem vive;
Ela paira nos zeros, entre uma dúvida ou outra;
Entre uma maldita palavra... mal dita.
Entre as não-ditas palavras dos zero comentários.

sexta-feira, março 14, 2008

Ele nao gosta de poesia (ou pelo menos, eu acho que nao gosta).
Fica sem jeito quando tem que ler um texto que fale de coisas pessoais demais
Abraça com os braços mas seu coração dá um abraço tímido e parece sempre manter suas emoções controladas
A não ser quando faz cara de bravo e resolve reclamar do que ele pensa estar errado

Eu queria poder abrir essa caixa dura, lacrada com algumas fitas adesivas, onde ele guarda tudo aquilo que eu não sei sobre ele. Queria que num rompante ele tivesse um ataque de "Eu quero falar" e começasse a colocar tudo pra fora e falasse... falasse... durante horas... sobre a sua adolescencia, ou a sua infância, sua juventude, seus amigos antigos, sobre as brincadeiras que ele gostava de fazer quando era criança, e o dia em que ele mais chorou. E o dia em que ele mais sorriu, e como ele se sentiu em cada um desses momentos. E como ele esta agora, e o que esta acontecendo, no seu trabalho, na sua rua, na sua alma.
Queria que ele saisse falando qualquer coisa sobre tudo, pra que eu pudesse lotar o meu arquivo com informações, preferências, memórias, histórias e tudo o mais que eu pudesse.
Pra nao ter que fazer um arquivo das coisas que eu acho que ele acha.

Eu acho que ele acha que eu sou melo dramatica rs
E eu acho que ele acha que eu sou meio esquisita
Mas é claro que ele me ama mesmo assim
Eu acho que ele ama a vovó e precisa da existencia dela mais do que todos podem perceber
Eu acho que ele gosta de camisa Pólo e de ler jornal no domingo
E ele gosta de fazer piada com todo mundo (isso eu sei que ele gosta. E é divertido)
Mas acho que as vezes ele ri de coisas que o deixam triste
E acho que ele nao gosta muito de falar das coisas que ele sente

As vezes, num domingo, depois do almoço, ele resolve falar alguma coisa sobre o que ele pensa sobre qualquer coisa, e eu ouço e tento decorar cada palavra, porque eu nao sei quando eu vou ter o proximo domingo. E eu coloco tudo arquivado na pastinha fina das coisas que eu sei sobre ele e me dá uma dorzinha bem no fundo do coração porque daí eu lembro: "Quanta coisa que eu não sei sobre ele..."
As vezes isso me assusta porque eu me pergunto se a culpa é minha.
Se eu poderia ter feito mais e ter sido melhor do que eu fui.

E eu sinto um aperto no peito tão antagônico porque, de certa forma, eu sei tudo sobre ele e nao poderia existir maneira de eu estar mais ligada. Poque ele está na formação de cada celulazinha que tecla nesse teclado agora.
Mas mesmo assim, eu acho que sei pouco. E posso estar ajudando pouco, posso estar sendo pouco.
É dificil estar longe e saber que eu etou perdendo tantos detalhes importantes.
Tudo chega pra mim em forma de Resumão.

Eu queria saber quando ele esta triste, pra poder abraçar, mesmo a distância. E o que houve de bom na semana, pra comemorar junto.
Mas esses momentos esfriam e evaporam até a próxima ligação
Aí dá aquele branco
Como deu agora.

Tem pessoas que te abrem o mundo delas, te mostram tudo o que são , o que querem e o que gostam, compartilham momentos e passam por varios testes e momentos. Até que voce as ame de verdade. Mas tem algumas pessoas, em especial duas, que voce ama desde o começo. E não interessa se você sabe um livro ou uma página sobre elas, não interessa se elas tem as mesmas concepções e objetivos que vc. Não interessa se elas estão do seu lado agora ou se se lembram de você só na hora de dormir, num pedido calado de que esteja tudo bem e que um ser maior te guarde. Você as ama desde o dia em que nasceu. E elas te amam mesmo sem saber quem voce será

Pro meu coroa, que se vira nos 30, que tem cabelo multicor em branco cinza e preto rs que as vezes sai da caixinha e mostra a pessoa fofa que ele é, e que eu amo demais.

Como uma Droga

Ela mal podia acreditar... Do alto de toda a sua inteligência e sabedoria superdotada dos seus poucos 25 anos.
Não podia aceitar que tivesse se envolvido de novo com a mesma Droga. E em doses mais fortes...
Sempre era em doses mais fortes.

As primeiras vezes,ainda na adolescência, ela demorou a largar. Mas hoje ela vê que eram drogas leves... O branquinho de olhos azuis e cabelos esvoaçantes de moleque travesso... Ela gostava de sentir o barato dessa Droga... o frio na barriga... a mudez que tomava conta quando ele chegava perto... Mas os efeitos eram mais oriundos da sua propria imaginação do que da paixão em si. Era uma droga leve porque ela mesma, no seu íntimo, sabia que ele não era em nada especial... e que estava longe de ser perfeito.

Depois vieram outros entorpecentes, cada vez mais distintos e complexos. Teve aquele que veio com os cabelos compridos, se nao me falha a memória; que curtia rock e fingia ser cara valente. Mas no fundo não passava de uma alucinação passageira, daquelas permitidas, compradas em farmácia, que aliviam o stress e que qualquer adolescente que estuda demais as vezes toma pra nao ficar pinel. Era como uma aspirina.

E depois veio aquela, mais complexa... que promete o paraiso e vem no rosto de um bom moço que promete muito e vende segurança. Te dá tanta paz que parece que nunca vai te viciar. E ela achava que tinha o controle. E parava quando quisesse. Mas nao foi bem assim...
A desintoxicação foi doída... alguns dias trancada no quarto... tomando drogas suaves e legais, daquelas que se aluga em qualquer locadora, e vem com nomes românticos e finais felizes... drogas leves só pra não enlouquecer.
E muita vontade de gritar; um nó na garganta, uma tristeza que fazia doer o estômago, e choro, e raiva, muita raiva.
Depois veio a fase 'limpa'. O equilibrio chegou sorrateiro, tomando pouco a pouco, conta do seu coração, antes aflito. E a desintoxicação chegou de vez, com a indiferença; fria e radical.
E ela jurou para si mesma que iria ser mais cautelosa.

Mas de repente chegou ele; o homem-heroína. A Droga mais perigosa que uma Virgo pode tomar. Ela foi avisada e que isso não era um jogo controlável, que tinha que deixar migalhas para saber por onde voltar, ou que era melhor nem começar. Mas ele veio com frases rebuscadas, poemas de auto-afirmação, conversas planejadas e a máscara da perfeição, fazendo-a acreditar que ele era tudo e mais um pouco que ela ja havia ousado desejar. E ele a levou para uma outra dimensão; uma dimensão só deles, que nao passava de uma teia estratégica. E a fez acreditar que o que estava acontecendo com eles não era mundano e que juntos, eles poderia habitar um patamar invisível e evoluído, e pairar sob as emoções de carne e osso, rindo dos romances e emoções "medíocres" que as outras pessoas se contentavam em ter. E ela se sentiu como se visse mais do que qualquer mulher. Como se tivesse mais do que qualquer mulher. Como se sentisse mais do que qualquer mulher teria a capacidade de sentir.
E isso era um segredo oculto no seu olhar, que transbordava os efeitos mais profundos do vulgo prazer supremo que aquela Droga poderia dar.

E aí veio a dependência.

Mas o preço começou a ser alto demais e agora não era ela que dava mais as cartas
E ela se sentiu envergonhada. Porque qualquer ser humano poderia ter se deixado envolver por essa ilusão, mas não ela!
Não ela, com sua experiência, com sua inteligência acima a média e seu sexto sentido a flor da pele.

Mas a verdade é que há forças maiores do que a nossa própria força e, nesse momento, o mais inteligente é reconhecer e se protejer.

E agora ela volta para o seu quarto, tranca a porta, como uma àguia, rainha e astuta, mas que foi pêga pelas intempéries dos fenômenos.
Ela se tranca e se prepara. E tenta acreditar que o que há la fora é só uma tempestade. E tempestades, por mais fortes que sejam, não poder durar para sempre.
Novamente, ela sonha com o dia em que vai rir de tudo isso. E eu, mais do que ninguém, sei que esse dia vai chegar. É só uma questão de tempo. Algumas drogas permitidas da locadora, outras da livraria, e tempo.

Até o dia em que ela irá voar novamente.

(Para uma irma amada, que tem propensão ao vício da paixão (como diria os Apaixonados Anônimos; evite o primeiro flerte), mas que da mesma forma, tem uma incrível habilidade de se curar de todas as batalhas. Irmã Fonte de admiração, respeito, amiga fiel e companheira, que faz parte de mim desde que experimentávamos as primeiras "drogas" leves de olhos azuis rs)

quinta-feira, março 13, 2008

Amarella

Menos de treze, tinha ela. Menos e treze quando teve a sua primeira descepção. E achou que talvez nem todas as pessoas tivessem vindo ao mundo para contribuir com a sua felicidade. Menos de treze anos...
E ela gritou. Esperneou. Xingou e fez cara feia. Fez birra, pirraça, bateu o pé e gritou mais forte... com seus quase treze anos.

Depois veio a outra. A outra decepção. Não sei bem com que idade pois não sou boa de datas. E essa outra talvez tenha sido pior... de acordo com sues conceitos, de acordo com a sua visao embelezada, quase que iludida, da vida. E ela emburrou. fez bico, careta... "deu gelo". Esqueceu... guardando lá no fundinho, pras futuras eventuais horas amargas.

E depois dessas vieram outras. E aí ela calou. Calou de vez. E entristeceu. Emudeceu e secou. E há pessoas que ainda conseguem ver a sua doçura; sua delicadeza. Mas essas são coisas que ela também guardou la no fundo... la no fundinho... pra mostrar nos poucos momentos em que ela se desarma. Mas ela nao fala mais. Nao grita. Não briga. Ainda emburrece e faz bico. Mas nao grita. Nem bate o pé.

Mas o que ela não sabe, é que nem a primeira, nem a segunda e nem as outras decepções são decepções que poderiam lhe fazer mal.O que ela não sabe, é que essas decepções são bebês-decepção. E que o maior segredo delas; mesmo das adultas e robustas, é que elas são frágeis e famintas e precisam de adubo. E que todas elas desaparecem desgostosas, se não são olhadas e lembradas

O que ela não sabe, é que o grito dela pode ser alto, pode espantar corvos e cobras. E que seu silêncio só deixa um vazio. Nela mesma. Lá no fundinho.