segunda-feira, junho 15, 2009

Superficial

Eu não tomo partidos
Eu não compro brigas
Eu não me ponho na tua pele
Só me ponho no meu lugar

Eu te chamo para o cinema
Eu te ligo para sair
Eu lembro de ti quando tudo está bem
Eu não sinto a tua dor

Não exarcebo o seu amor
Porque só quero tuas primaveras
Que não me cobrem os teus outonos

Se quero tuas graças te chamo
Se queres meu luto te afasto
E o meu partido é partindo de todos
Partir você se preciso for

Não me importa se te conheço a 100 quilos de sal
Ou se te conheço a duas canecas de chopp
O que me pedes é desconsiderado e considerado
Na mesma dimensão, com o mesmo bom ou mal grado

Por isso não esperes de mim
Que me confraternise com tuas dores;
Teus rancores
Teus amores
Porque o meu partido é a superfície das relações
O meu legado é o Superficial


(de uma pessoa profunda demais; partidária demais; leal demais; trouxa demais)

domingo, junho 14, 2009

Cinza

Eu não vou chorar essas lágrimas quentes
Não vou mergulhar nesse rio de àgua gelada
Só porque me deu um vazio de domingo
Uma preguiça de hormonios pirada...

Eu vou fazer um brigadeiro
e comer com edredons
com Julia Robert
com Marvin Gale
Ao som das pipocas estourando nas mordidas

Eu vou sentar num colo de mãe
Vou pedir carinho de mãos idosas
Vou cheirar a pão quentinho
com manteiga de roça

Vou visitar as teclas do piano
pras bandas brancas e pras bandas negras
Nas melodias profanas
e no clássico piegas

Vou andar com meias de lã e vestir pijamas de listrinhas
pra ver se eu me encaixo em alguma poltrona
pra ver se eu combino com esse dia
de agonia no peito, nuvem cinza e olhar distante